quarta-feira, 14 de maio de 2014

Meu Adeus.


Não sei se realmente te esqueci, pelo menos em meu pensamento vc agora se faz ausente e só um há um passado com apenas lembranças que ainda se fazem vivas .
Espero que agora ao fechar meus olhos, sinta que tudo que passou foram  apenas tristeza momentânea e que apesar de tudo eu ainda posso viver, sorrir, e ver que eu te amei... de verdade!
Então vejo que o que passou foi fundamental para eu acreditar que há o impossível, que querer não é poder, e que só há amor quando tal sentimento é recíproco para sobreviver.
Por mim eu acreditaria nessa ilusão e continuaria a ser cega fazendo parte da escuridão que eu mesma escolhi.
Eu acreditava que assim vc não ia dá, porque eu era dependente so seu sorriso e do seu olhar que iluminava o meu dia. Mas era tolice eu acreditar num sentimento que maltratava e que aos poucos me matava.
Eu queria poder ficar sempre perto de vc, mesmo quando eu olhava ao meu redor e era só utopia acreditar nisso tudo. Porém, mesmo assim vc se fazia forte, principalmente nos meus momentos de fracasso quando eu mais implorava pra te esquecer.
De repente me via presa na solidão, os dias passavam e eu ficava na solidão, os dias passavam e eu ficava a te imaginar. Eu jurava não mais sofrer, porém eu ainda acreditava que havia tempo para nós dois.
E o meu erro foi ser egoísta e acreditar que ainda existiria a palavra “nós”. Foi alimentar a insaciável e ter que me contentar com tão pouco. Por um momento eu deixei de acreditar na palavra fé e cheguei a ser egoísta desafiando a existência de Deus.
Eu só enxergava vc, no entanto vc foi mesquinho e de uma certa forma grosseiro ao ignorar o que eu sentia. Nunca viu que para mim era necessária te ter pelo menos ao meu lado, como um amigo, ou que talvez aliviasse as dores. Ou que talvez aliviasse o que eu sentia, ou que deveria pagar pelo que já passei; pois vc tinha o direito de modificar mais não de ser cruel.

Eu te amei de verdade, e assim aprendi que o tempo é algo que não se pode voltar, que há necessidade em eu viver o hoje porque o amanhã não existe, o futuro torna nos planos diferentes. Portanto,não importa em quantos pedaços meu coração foi partido, mais eu não posso parar o meu mundo e ficar esperando que vc o conserte.
Sei que haverá momentos em que o passado virá a tona e que seria difícil eu tentar resistir a um amor que o passado se faz eterno hoje e sempre. Eu queria ir embora com boas recordações sem esperança de um novo recomeço. Porém, não há coisas e em sentimentos da sua parte para sobreviver. O mundo agora domina o desejo da distância e não há mais tempo para nós dois.
Então é necessário que eu viva a minha vida e te diga adeus.
Mas mesmo depois de tudo que vc me fez passar, eu ainda...

te amo!
Camila Cr.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

A Fábrica do Poema - Adriana Calcanhoto

Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?
 
Adriana Calcanhoto